"Na minha infância (no fim dos anos 80), o sonho de consumo das crianças era em sua maioria brinquedos, quem era da época (ou de um pouco antes) deve se lembrar da infinidade de opções produzidas pela Estrela e Glasslite. Lá pelo final mesmo dos anos 80, uma revolução se anunciava por aqui. O que nos Estados Unidos e Japão já era a segunda geração, por aqui a primeira geração despontava: brinquedos eletrônicos, mais precisamente computadores e videogames"
Assim começa o artigo chamado "A Infância e a Computação" escrito por Onildo Henrique B. Filho. É comum a cada geração ter disponível mais facilmente a tecnologia que foi desenvolvida com muito esforço pela geração passada. Por exemplo: a década de 80 e 90 tinham disponíveis aparelhos de som muito mais facilmente que a geração de 70. O que dizemos da TV, então?
De toda forma, um olhar sobre a computação na infância, tanto das duas décadas passadas quanto dessa nova geração, se faz necessária para entendermos melhor nossos alunos ditos por muitos como "nativos da era da informação".
Longe de ser um texto massante com citações de vários autores, Onildo trata de uma forma bastante firme aspectos da relação entre os alunos e professores que ele tem observado durante sua prática pedagógica, com ensino de computação.
E uma das observações mais pertinentes para nós, professores é a desmistificação de que aluno que passa maior tempo no computador, é aquele que melhor sabe utilizá-lo no viés da aprendizagem colaborativa.
"Sem contar que ao ver os filhos utilizando o computador, na maioria das vezes para jogar, os pais achavam que tinham em casa um pequeno gênio e incentivavam ainda mais o uso do equipamento pelo pequeno prodígio"
Nos dias atuais, o computador já é uma realidade como a televisão. Mesmo que uma família não tenha um, o acesso ao mesmo é muito mais fácil, inclusive com vários cursos ofertados gratuitamente por várias entidades municipais e estudais, tornando a inclusão uma realidade.
A dificuldade é que por achar que nossos alunos sabem utilizar o computador, não significa, necessariamente, que ele sabe utilizá-lo de maneira correta, para a aprendizagem. O que podemos observar é que eles sabem sim utilizar o computador, mas não tem a orientação necessária para filtrar as informações, saber escolher programas, utilizar outra plataforma, saber destrinchar um software educativo etc. Quantos de nós já nos deparamos com pesquisas inteiras copiadas de sites? Quantos de nossos colegas não tinham a mesma pesquisa copiada de enciclopédias, na década de 80? Mudou alguma coisa em copiar?
A pergunta que faço: alguém ensinou/orientou esse aluno a fazer uma pesquisa? Acreditamos muitas vezes que o fato do aluno saber abrir um navegador e se encontrar na internet, já está implícito que ele possui o norte para orientá-lo. E isso, na maior parte das vezes, não é verdade.
Segundo o autor, foi observado que os alunos que passavam muito tempo no computador sem restrições dos pais, tinham dificuldades em formar grupos, não possuiam muitos amigos ou as vezes nenhum, não se comunicavam com clareza, tinham dificuldades nas dinâmicas em sala de aula, não conseguiam se concentrar no que era ensinado, mostravam má aceitação quando eram repreendidos, entre outras dificuldades. Mas nas aulas de informática eram sempre os melhores.
Na internet, nós temos acesso a todo o tipo de informação e rapidamente! Se você quer saber sobre um determinado tema, você faz uma busca e uma infinidade de textos, imagens e vídeos surgem sem o menor filtro. E é assim que nossos alunos aprendem na internet quando não são orientados e tem o uso do computador sem limites. Alunos que sabem muito sobre muita coisa sem ter o conhecimento de quase nada. Só informações soltas, notícias aleatórias, vídeos pouco educativos etc.
Por isso o nosso papel como educador passa a ser não somente o de fomentador de tecnologia, mas o de orientador nessa era da informação. Senão, citando o autor, "teremos pessoas interligadas pela internet mas separadas pela tecnologia"
Confira o texto na íntegra aqui.
E você? Está pilotando o seu barco? Ou está sendo levado pela onda?
Jeferson Lucas
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