quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Relato/Síntese do Sala de Formadores do Cefapro de São Félix do Araguaia-MT

CEFAPRO – SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA-MT
FORMAÇÃO CONTINUADA - SALA DE FORMADORES
DATA: 14/10/2010

TEMA: SIGNIFICAR A EDUCAÇÃO: DA TEORIA À PRÁTICA 
(Adelar Hengemühle)
Relato/Síntese: Na manhã de quinta-feira, estudamos o texto de Adelar Hengemühle. Esse autor apresenta uma reflexão sobre os históricos problemas da falta de significado dos conhecimentos escolares. Ele propõe o resgate histórico dos conteúdos e a sua significação na atualidade como um meio de ajudar os professores na orientação do processo pedagógico, conforme teorias educacionais contemporâneas.
Problemática apresentada pelo autor: Por que o professor tem tanta dificuldade para fazer significativos os conteúdos na contemporaneidade?
Em seguida, apresenta alguns dos referenciais teóricos considerados uma unanimidade no meio educacional. Dentre elas, ressalto: Para Freire a tarefa do professor, e num sentido mais amplo a do educador, é a de problematizar aos educandos os conteúdos que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele, de dá-lo, de entendê-lo, de entregá-lo como se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado, terminado (Berbel, 1998:19).  Essa é uma prática que precisa ser vivenciada, já que é mais cômodo levar para o aluno conteúdos prontos. Entretanto, há entre nós alguns professores que já perceberam a importância de problematizar conteúdos quando na sua prática pedagógica trabalham por meio de projetos. Mas não projeto por projeto, e sim, diante de uma problemática levantada em sala e aula, a construção de um plano para teorizar e praticar um conhecimento que seja relevante para o seu aluno.
Apresenta Hengemühle Limitações do conhecimento histórico e suas consequências: Parte do pressuposto de que é impossível significar algo, quando se desconhece a sua origem e as transformações que sofreu no decorrer dos anos. O articulista depõe sobre um trabalho com grupos de professores em projetos escolares. Observou que mesmo diante de um bom planejamento, na prática, os professores tinham dificuldades de significar e problematizar os conteúdos.
A hipótese levantada para isso, após muitos anos de escuta para os colegas, foi: Desconhecimento histórico das teorias – a raiz do problemaPara algo ser significativo no presente, é preciso conhecer sua origem, sua história, o contexto em que surgiu. E nisso uma pergunta é fundamental: Essa teoria surgiu para compreender que tipo de situação, ou para resolver que tipo de problema? Os conhecimentos surgiram em um contexto histórico, foram produzidos por pessoas humanas, que por curiosidade, por necessidade ou por acaso, tiveram a intenção, a sensibilidade, a criatividade de encontrar respostas para as situações-problema. Aponta o autor referências de alguns autores como Meirieu, Gramsci, que veem no resgate histórico o caminho para possibilitar ao professor significar as teorias na atualidade.
Outro aspecto que Hengemühle aborda: Do contexto que originou o conteúdo, à significação contemporânea – um exercício de resgate para o professor. Na experiência com grupos de professores o planejamento, os fundamentos teóricos foram exaustivamente discutidos, mas na prática, a metodologia, a avaliação, a teoria e o planejado estavam distantes. O grupo começou a exercitar sua prática com o Arco de Maguerez, quer dizer, nele o professor principia o processo a partir de situações-problema reais e significativos para os alunos a fim de despertar-lhe o interesse e a necessidade de buscar no conteúdo fundamento para a sua compreensão. Mas diante das observações do autor, o professor não conseguia formular situações-problema. Motivo: desconhecimento do que é um problema pedagógico.
A partir disso, um problema maior: O professor fazia perguntas sobre a teoria pela teoria, contextualizava até, mas não problematizava, por não conhecer a origem do conteúdo. É preciso conhecer historicamente o conteúdo. O autor fortalece a ideia de se rever a formação dos professores. O futuro profissional da educação precisa conhecer a origem dos conteúdos da sua área de formação. Demonstra uma preocupação para com os professores já formados e que estão na sala de aula.
Alternativa para o problema: Formação continuada em serviço, ou seja, os professores organizados em grupos de estudo, por componente curricular, buscam estudar, de conteúdo em conteúdo, o contexto, as situações, os problemas que originaram os conteúdos e as suas significações em contextos, situações e problemas reais para os alunos atuais. Também sugere como imprescindível o diálogo dos professores com seus colegas e com os alunos, e é nessa interdisciplinaridade que todos exercitam o olhar investigativo e a significação das aprendizagens.
Até aqui, a equipe pedagógica presente lê e discute em forma de diálogo numa busca de compreensão das ideias do autor e de contextualização de nosso papel como professores formadores que acompanham as escolas do polo de São Félix do Araguaia-MT. O questionamento que se evidencia é: Até que ponto nossos acompanhamentos e nossas formações têm sido significativos para os nossos colegas professores? Como podemos significar a educação no Sala de Professor? Como podemos contribuir para que o próprio professor encontre esse significado e leve-o aos seus alunos? Entre pontos e contrapontos, precisamos ler mais e aperfeiçoar mais nossa prática como formadores numa constante reflexão de nossa prática a cada visita feita, a cada acompanhamento dado e a cada formação realizada.
Finalizamos o encontro com a tarefa de ler o remanescente do texto e realizar um dos exercícios sugeridos pelo autor para a significação de conteúdo ou a prática dos passos sugeridos pelo Arco de Maguerez.
A partir daqui continuo a falar sobre o texto durante meu estudo individual.
Após o embasamento disposto por Hengemühle, ele encaminha uma proposta metodológica: Método – o caminho da teoria. Inicia com o conceito de pesquisa: para haver pesquisa é necessário haver um problema a solucionar. Esse problema pode ser uma situação real de dificuldade ou algo que desconhecemos.
Em seguida, apresenta referenciais que respaldam sua proposta: Popper (correlação mútua e complementar entre o conteúdo e as situações-problema do contexto do aluno), Freire e Meirieu (desenvolvimento de práticas pedagógicas em que a natureza humana seja respeitada), Perrenoud (formação de pessoas competentes e que saibam resolver situações complexas), Berbel (motivação dos alunos para a busca de respostas para os porquês, em um movimento sistêmico contínuo) e Charles Maguerez (metodologia do arco[1] onde o professor parte da realidade do aluno, busca o conhecimento teórico, retorna à realidade fundamentado no conhecimento adquirido e o aluno torna-se mais capaz de compreender as situações e/ou resolver os problemas do contexto). Esta última é a metodologia que sugere o autor.
Figura - Arco de Maguerez

Segundo a proposta adaptada do autor com base no arco, é preciso seguir cinco passos:
1)     Situações-problema da realidade – O professor inicia a sua aula, trazendo situações e problemas significativos para os alunos ou solicitando deles essas situações e/ou problemas relacionados a um tema significativo sem apelar ao conhecimento teórico (conteúdo).
2)     Hipóteses de solução, antes da teorização – O professor procura dinamizar a provocação das hipóteses dos alunos. Posicionamento de argumentos (achismos) apresentados pelos alunos para a solução da situação-problema.
3)     Teorização – A teoria agora tem importância e faz sentido já que deve responder o desejo provocado nos alunos.
4)     Hipóteses de solução, com argumentação fundamentada teoricamente – O aluno é desafiado por novas situações-problema ou é levado a confirmar/refutar/reconstruir suas hipóteses anteriores com fundamento na teoria.
5)     Compreensão e/ou reconstrução da realidade – Individualmente ou em grupo, o(s) aluno(s) produz(em) algo de forma reflexiva, nunca perdendo de vista a análise de situações-problema reais e significativos à luz da teoria.
Esse caminho metodológico pode ser aplicado tanto nas práticas tradicionais (conteúdos definidos, busca de situação e problema significativos, desenvolvimento do processo) quanto nas práticas por temas geradores (situação-problema definido, busca do conteúdo, desenvolvimento do processo).
Na conclusão de seu artigo, o autor reforça que a sua proposta era analisar a teoria, construindo a partir dela propostas que ajudem os professores, fundamentados teoricamente, a tornar suas práticas significativas como também para seus alunos. Para isso acontecer, é necessário que: a) metodologia e avaliação na formação dos professores no ensino superior deixem de ser discurso e se transformem em um exercício real nas salas de aula; b) os professores investiguem o contexto, as situações e os problemas que originaram o conteúdo, relacionando-o às situações e problemas com significado no presente; c) reforça a metodologia do Arco de Maguerez.
Cabe a mim agora construir uma das atividades sugeridas pelo autor (e solicitada por nosso coordenador de formação) para significar o conteúdo ou desenvolver uma prática pedagógica a partir do Arco de Maguerez. Fica para uma outra postagem.
Por Judite Ferreira Souza
Professora Formadora em Língua Portuguesa


[1] Arco de Maguerez, capturado em 18/10/2010: http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/112-TC-D1.htm.

Um comentário:

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